Ela queria apenas que ele dissesse o que sente, por mais que não fosse o mesmo que ela sentia, ela gostaria de saber. A dúvida estava acabando com ela, despedaçando-a, destruindo-a.
Todos sabiam que ela não era mais uma pra ele mas ela não queria saber só isso, ela queria saber o que sentir, o que dizer, o que fazer. Ela estava, aos poucos, se perdendo em seu mundo, onde criara respostas para todas as suas perguntas, onde se refugiava quando sentia-se sozinha. Seu mundo, agora, era a unica coisa que ela tinha, a unica coisa que fazia ela se sentir bem, o unico lugar onde ela se sentia bem, em paz, tranquila.
Um dia, eles se encontraram. Ele foi tão fofo, tão atencioso que ela não queria nunca mais soltá-lo, queria parar tudo e ficar em seus braços, sentindo seu perfume e ouvindo sua respiração. Sem pensar em nada. Sem dizer uma só palavra. Estavam só apenas no quarto mas era como se estivessem só no mundo.Ela estava mais feliz do que nunca, radiante. Palavra nenhuma seria capaz de descrever a sensação que aquilo causara dentro dela… Mas ela não podia ficar mais, tinha que ir embora. E, com o coração na mão, foi.
Todos comentavam sua felicidade, ela não conseguia disfarçar. Estava encantada com tudo que havia acontecido, um pouco arrependida por algumas coisas mas, em geral, encantada. Maravilhada. Plenamente feliz. E nada conseguiu acabar com sua felicidade, não naquele dia e não na manhã seguinte mas, quando chegou em casa, após a escola, percebeu que agora seriam só lembranças.
Tudo tinha acabado. Foi como um sonho, do qual ela acordou mais rápido do que gostaria. Ao pensar nisso, ela se desesperou, chorou mas percebeu que valeu a pena. E o que maisa afligia era não saber porque tudo havia acontecido. Ela estava convencida de que o amava mas e ele? O que ele sentia por ela? Será que ele sabia mesmo o significado que seus atos tinham para ela? Tantas perguntas vagavam em sua mente, tanta coisa passava em seus pensamentos e ela não sabia como traduzir tudo o que estava sentindo. Dúvida, encantamento, desespero, felicidade, medo, paixão, tristeza… Era tanta coisa ao mesmo tempo que ela se sentia perdida, agoniada.
Agora, ele invadia também o mundo dela, o seu refúgio. Acordava e adormecia com ele no pensamento e, cada vez mais, surgiam perguntas que gostaria de saber mas, cada vez mais, crescia o medo das respostas. E ela está assim, tentando seguir a vida, tentando esquecer, tentando fingir que não o ama e que tudo vai ficar bem. Porque ultimamente a coisa que ela mais tem feito é fingir, que está tudo bem ou que vai ficar bem, que não importa, que é forte, que é capaz de esquecer, que sabe o certo a se fazer, que vai superar quando, na verdade, ela tem absoluta certeza de que nada disso acontecerá.
Mesmo assim, ela continua tentando, e tentando, e tentando. Pra ver se um dia, talvez, ela consiga tornar tudo isso realidade. Quem sabe?
(.1903.)